Um giro pela Bretanha - Château de Combourg

     Nossa intensão era conhecer o castelo de Bourbansais mas como o mês de outubro é baixa temporada na Bretanha demos com o nariz na porta, o castelo estava fechado. A notícia boa é que a próxima semana será de férias para os estudantes bretões, por causa do feriado de Todos os Santos, e o castelo reabrirá, então faremos uma nova incursão por lá e ainda iremos conhecer o zoológico para assistirmos ao show com os falcões. Adoro aves de rapina, e quero muito ver esse show.



     Pelo pouco que pude ver, o zoológico que funciona junto ao castelo não mantem os animais em pequenas jaulas como a maioria dos zoológicos o fazem. Aqui os animais ficam soltos em grandes espaços gramados e com árvores. Pelo menos era assim o espaço onde ficam as zebras e os bizões, que vi logo na entrada.


     Fomos então conhecer o Château de Combourg que fica a poucos quilômetros de Bourbansais.


    O Castelo de Combourg foi construído em 1025 pelo Arcebispo Guinguené. Setecentos anos depois foi adquirido pelo pai de François-René Chateaubriand. O romancista passou toda sua infância e parte da juventude naquele castelo frio e sombrio. A casa era grande demais para a família, então o pai, para ocupar todos os cômodos do castelo, decidiu que o quarto do menino seria em uma das torres do castelo, com vista para o rio.

     Posso até imaginar o medo que o menino sentia dormindo sozinho num quarto distante do quarto dos pais. O barulho do vento que vinha do rio e sibilava entre as árvores do jardim, entrando sorrateiramente pelas frinchas do castelo devia parecer assustador demais para o pequeno. O pobrezinho deve ter passado por muitas experiências ameaçadoras aos olhos de uma criança.


     O jardim do castelo é enorme e a grama verdinha se estende até perder de vista. Árvores centenárias enfeitam os caminhos onde alguns banquinhos nos convidam a sentar e curtir um pouco a beleza que a natureza pode nos oferecer. Vimos um velho pinheiro com mais de 200 anos. Ele já viu muita coisa acontecer, já passou por muitas intempéries e está lá, resistindo bravamente à passagem do tempo.


     O tour para conhecer o castelo por dentro não foi muito fácil para mim e nem para a Helena. O cheiro forte de mofo naquelas paredes centenárias incomodou bastante, precisei até colocar um lenço no nariz para aguentar até o final porque não tinha como voltar sozinha. Subimos muitas escadas para chegar até a torre onde o menino Chateaubriand dormia sozinho. Para a Helena foi um verdadeiro tormento subir e descer aquelas escadas em espiral, estreitas e escuras, além de frias. Ela não enxerga bem, mas o David que nos acompanhou,  a amparou o tempo todo.


     O quarto do menino Chateaubriand ainda mantêm sua cama e um armário, e uma vitrine que fica ao lado  da cama exibe a múmia de um gato preto que foi encontrado nas paredes do castelo por ocasião de uma restauração.

     A história do gato preto é um pouco sinistra. No período medieval, época da construção do castelo, era costume encerrar nas paredes de uma obra nova um gato preto vivo para espantar a má sorte. O coitado do gato é que tinha de fato a má sorte de morrer enterrado vivo. Eles também costumavam enterrar uma criança natimorta ao invés do gato (pelo menos tinham o bom senso de enterrar uma criança que já havia nascido morta). Crendices podem se tornar um grande problema... os gatos pretos que o digam...    
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Tadinho dos gatos... uma crueldade sem fim. Como isso poderia espantar a má sorte? Cruzes. E pensar que até hj cometemos atrocidades com os animais. Realmente, não evoluímos mto ética e espiritualmente... Bjos saudosos da sua filha que qr bolo de cenoura!


Postar um comentário

Obrigada pelo comentário. bjs Lou