Impressões da Abadia do Monte Saint Michel (texto da Helena)
terça-feira, outubro 15, 2013
Ao
olhar pela janela vi o mundo todo branco. Uma névoa densa nos envolvia por completo. Senti como
se estivesse nas nuvens. Não
via sequer a silhueta das árvores
aqui em frente e o casario encontrava-se totalmente submerso na brancura
imaculada desta manhã de
outono. Um outono gélido,
com chuvas esparsas e um vento penetrante.
A previsão do tempo era clara neste sentido. Senti uma
ponta de preocupação
invadir-me. Fiquei inquieta e apreensiva pelo passeio que havíamos marcado: Mont Saint
Michel as 11 h. Nada podia ser feito. O jeito era esperar e demos sorte. Quando
o David chegou a névoa já tinha se dissipado, só o frio continuava. Um vento
cortante penetrava sem cerimônia
as frinchas dos casacos, dos sapatos, dos cachecóis... as bochechas queimavam e o nariz entupia,
mas fomos assim mesmo. No meio do caminho o sol surgiu glorioso por entre as
nuvens. Nosso dia estava salvo.
Chegamos
ao Mont Saint Michel antes do meio dia. Deixamos o carro no estacionamento e
pegamos um ônibus
que tem duas cabines. Ele não
faz a volta ao chegar ao sopé
do monte. O motorista troca de cabine e retorna. Do ponto final para adiante
seguimos a pé. A
ruazinha é
estreita, cheia de lojinhas e restaurantes. Quando chegamos ainda estava vazia,
mas ao voltarmos já parecia
um formigueiro humano, uns indo... outros vindo... Pessoas de todo canto, todos
os rostos, todas as línguas,
uma verdadeira Babel, fez-me lembrar um quebra cabeça que a Lourdinha tem na sua sala. O David
disse que estava tranquilo. Nos meses de alta temporada é bem pior, mal dá para circular.
A
subida é íngreme, mas há paradas com mirantes para se
observar a paisagem, que é
deslumbrante, e dar uma descansadinha. Há, também,
muitas escadas. A Maura contou cerca de 400 degraus. Essa parte, para mim, foi
a pior. Não enxergo
bem e tive muito medo de cair, mas o Lionel e o David foram super gentis e me
auxiliaram, principalmente na decida. Lourinha bateu uma foto quando os dois me
amparavam e disse que era "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Começamos a rir. David não entendeu nada, tivemos que
explicar que era um livro de um escritos brasileiro, "Madame Fleur ét ses Deux Maris". Foi
um momento de descontração.
Há uma escada em caracol,
dentro do monastério, que
foi uma tortura para mim, mas consegui fazer todo o percurso. Valeu a pena.
A
construção é belíssima, arcadas góticas, colunas com chapitot, vitrais, lareiras
enormes e, para completar, um claustro, com um jardim magnífico.
Os outros salões eram
escuros, os vitrais pequenos filtravam pouca luz e o tom amarelado da iluminação indireta, colocada estratégicamente, dava um ar
fantasmagórico ao
local, mas muito apropriado, vez que se assemelha à luz de velas, que era usual naquela época.
No refeitório perto da capela havia uma
mesa posta com frutas, verduras e
legumes, com cartazes que explicavam o uso desses alimentos pelos nobres e
plebeus na idade média.
Interessante que, segundo eles, os nobres só comiam
o que nascia acima do solo. Eles entendiam que tudo o que estava debaixo
da terra, como as raízes e os
tubérculos não eram nutritivos,
deixando-os para os plebeus. As frutas eram pouco consumidas. Isso demonstra o
quanto era pobre a alimentação
na idade média.
Podemos dizer que se alimentavam basicamente de proteína e carboidrato. Cheguei
à conclusão que somos uns felizardos.
Quando
saímos o
sol estava na linha do horizonte. As águas
cintilavam, proporcionando-nos um espetáculo visual de indescritível beleza. Foi um dia
perfeito.
Gostei do texto da Tia Helena! As fotos também estão lindas! Essa viagem está fantástica, hein!!!!!