Um giro pela Bretanha - Carnac

     Saímos cedo para Carnac, uma cidade balneária de areia fina que fica no sul da Bretanha, há duas horas de carro a partir de Dinard. A viagem foi tranquila apesar de alguns desvios que o David precisou fazer, ora por causa de algum acidente (coisa rara por aqui), ora por causa de reparos na pista que já é muito bem cuidada. O dia estava ensolarado e com temperatura agradável, perfeito para o passeio.


     Carnac é banhada pelo Oceano Atlântico e não pelo Canal da Mancha como Dinard. A cidade estava quase vazia e a maioria dos seus imóveis estavam fechados, mas não chegava a ser uma cidade fantasma como Saint-Cast le Guildo, afinal o maior atrativo de lá são os menires, o mais famoso alinhamento megalítico do mundo, que atrai muitos turistas curiosos como nós. São mais de 3000 blocos de pedras de granito pesando em média de 50 a 100 toneladas. Algumas, com mais de 20 metros de altura, chegam a pesar até 350 toneladas.


     As fileiras de alinhamento dos menires de Carnac datam do período neolítico, entre o quinto e o segundo milênio a.C. e chegam  a ter mais de 3 km de comprimento. Os estudiosos afirmam que as pedras foram alinhadas com precisão e formam um gigantesco padrão geométrico. A distância entre as linhas é sempre a mesma e seus ângulos formam triângulos de pitágoras. O curioso é que essa formação em Carnac antecede ao nascimento de Pitágoras e do seu famoso teorema em pelo menos 2000 anos.


     O alinhamento das pedras de Carnac são visíveis do espaço e olhando de cima parecem um marco para veículos aéreos. Será que os Deuses astronautas existiram? A cultura celta é tão cheia de marcos e lendas... Acho que a era regida pelos druídas e pela magia, de alguma forma, ainda sobrevive na Bretanha. Conta uma lenda medieval que os menires são vestígios de uma armada romana, cujos soldados foram petrificados em batalha por São Cornely, padroeiro da cidade.


     O David estacionou o carro próximo de um dos nove sítios arqueológicos para vermos de perto o alinhamentos dos menires, em seguida nos dirigimos para alguns outros, e por fim fomos conhecer o túmulo pré-histórico que aparece na foto abaixo.



      Fizemos uma pausa para almoçar e em seguida fomos conhecer outro túmulo, o de Kercado, datado de 4.500 anos a.C. e que está localizado numa propriedade particular, mas mesmo assim está muito bem preservado.

     Primeiro entramos numa mata fechada escura e úmida tão soturna que eu tinha a impressão de que algum personagem fantástico da cultura celta viria me assombrar a qualquer momento. Fui caminhando devagar pela estradinha de terra batida coberta por folhas secas que estavam muito úmidas por causa da chuva que caíra no dia anterior. Eu pisava com cuidado para não correr o risco de escorregar.









 No canto do muro de pedras uma escada também de pedras gastas pelo tempo e coberta de musgo parecia deslocada do ambiente, e não levava a lugar algum. Passei pela abertura do muro e logo em frente já consegui ver o túmulo de pedras, que formava uma pequena elevação no terreno plano.

     A entrada do túmulo era pequena e baixa, obrigando os curiosos a se curvarem para entrar na câmara mortuária. O David foi o primeiro a entrar seguido pelo Lionel que retornou logo em seguida nos chamando para entrar também porque valia a pena ver aquilo de perto.


     O David veio nos aguardar na entrada e ficou iluminando o caminho escuro como breu com sua potente lanterna do celular. O interior do túmulo era circular e media uns 2m ou um pouco mais. Havia uma poça d'água no centro porque a água da chuva consegue infiltrar pelas pedras. Observamos a nossa volta os enormes blocos de pedras polida, sendo que a pedra que sustentava a abóboda do teto era um bloco único enorme e já estava ali há mais de 6.000 anos intacta. Fantástico não?


      Estávamos dentro da tumba, e com os pés literalmente na cova, quando chegou um senhor acompanhado de três crianças. Ele explicava para elas o significado do lugar quando a Maura resolveu brincar e fez o barulho que os fantasmas dos filmes costumam fazer para assustar. O garoto, que era o menor do grupo, arregalou os olhinhos negros e saiu correndo feito um corisco para a segurança da claridade lá fora. Rimos todos e seguimos o garotinho pelo caminho escuro, de volta a claridade que iluminava o local do túmulo.



1 Response
  1. Anônimo Says:

    Muito interessante esse passeio, mama. Espero que um dia tenhamos certeza do que aconteceu por aí para justificar essas pedras colossais organizadas com tanta perfeição. É realmente incrível. Alienígenas do passado...


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou