Identidade Revelada

Começou a se desenvolver devagar, bem devagarinho.
Alterou discretamente a cor da pele para um leve rosado
E iniciou a lenta mudança.
Engordou um pouco e se fez notar...
Ninguém sabia exatamente o que era, muito menos eu.
Percebi logo que não era chegada a abraços frouxos
Muito menos aos apertados.
Odiava ficar trancada e começava a pulsar
Batendo forte como um bumbo em plena avenida
Deixando-me apreensiva.
Eu olhava, examinava cuidadosamente
E não chegava a nenhuma conclusão,
Mas meu instinto dizia que não podia ser bom.
Aprendi que quem não mostra a cara
Pode até ser tímido, mas em geral
É bandido ou ladrão.
Usei todo tipo de unguentos, de rezas
E ela nem se abalou, acho até que se fortaleceu
E se apresentou disfarçada em couve-flor.
Não admitia nenhum toque
Nenhuma carícia.
Era pequena, mas se fazia sentir como um gigante
Desordenando meu corpo, obrigando-me mancar.
Foi aniquilada pelo corte certeiro do bisturi
E arrancada sem dó pelo alicate salvador.
Acabou descartada numa lixeira
Pedacinho infame de unha encravada.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Mama, fantástico! vc está cada dia melhor nisso! Parabéns! Bjos


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou