Um Anjo no Metrô
quarta-feira, julho 28, 2010
Era uma tarde fria de fevereiro em Budapeste, saímos para almoçar. Fomos a um restaurante grego e em seguida decidimos conhecer o Museu de Belas Artes que estava exibindo uma mostra de Monet.
Várias pessoas aguardavam numa longa fila a hora de abertura das portas do museu, indiferentes ao frio e ao vento que soprava sem cessar. No ar gelado, espessos flocos de neve branquinha bailavam suavemente enquanto caiam para se dissolver ao tocar o chão.
Estávamos eu, uma amiga e nossas jovens filhas aguardando pacientemente nossa vez e finalmente entramos no grande hall. O acervo do museu era muito bom e a mostra de Monet era tão fantástica que nem nos demos conta do passar das horas, perdidas na contemplação daqueles belos quadros famosos.
É curioso pensar que uma palheta de cores básicas e um simples pincel em mãos hábeis e talentosas possam transformar telas brancas de linho em obras de arte que ficam imortalizadas no tempo causando admiração nas pessoas.
Quando saímos do museu a noite escura já tinha envolvido tudo lá fora. A praça e as ruas próximas estavam desertas cobertas pela neblina invernal, e a iluminação suave dava um colorido meio fantasmagórico as esculturas da Praça dos Heróis. Aproveitamos para fotografar e saímos caminhando devagar em direção ao metrô. Somente nessa hora nos demos conta de que havíamos esquecido o mapa e o cartão com o nome e o endereço do hotel. Por sorte eu havia guardado na bolsa o cartão de acesso aos quartos o que serviu para pedirmos uma indicação para sabermos o metrô certo que deveríamos pegar.
As casas de câmbio estavam fechadas e só tínhamos dinheiro local para comprar apenas uma passagem de metrô para cada uma e aquela estação iria nos obrigar a fazer uma baldeação e isso significava ter que comprar outra passagem. Não sabíamos como fazer para chegar a outra estação que nos levasse até o hotel com apenas uma passagem.
Já era muito tarde, estávamos numa cidade estranha, o povo falava uma língua mais estranha ainda e não sabíamos o que fazer. Olhamos uma para a cara da outra e começamos a rir da situação inusitada. O que iríamos fazer?
Vimos um jovem aguardando o trem junto com algumas moças e resolvemos pedir informação. Quem sabe ele falava inglês? Deu certo. Ele não só nos orientou como também resolveu nos acompanhar até a estação onde poderíamos pegar o trem que nos deixaria próximas de nosso hotel. No caminho foi contando a história da cidade e nos mostrando alguns prédios que guardavam qualquer tipo de história. Foi muito gentil e atencioso.
Caminhamos na noite fria e escura em direção a outra estação do metrô. O vento soprava forte fazendo ruído e a neve não parava de cair em flocos grossos. O casaco pesado não era páreo para a friagem e o corpo tremia embaixo das várias camadas de roupas. Finalmente chegamos.
Nosso anjo da guarda se despediu, mas antes de sair tiramos uma foto juntos para o guardarmos na lembrança. Ele era um jovem médico residente e até arriscou algumas palavras em português que havia aprendido com alguns colegas da faculdade. Nosso anjo sem asas sorriu, acenou e entrou novamente na noite escura e fria. Foi embora.
A máquina para venda automática de passagens estava quebrada. Tivemos que solicitar a compra dos bilhetes aos policiais de plantão que estavam conversando numa salinha. Eles nos atenderam com toda má vontade que puderam demonstrar e quando fomos pagar uma moeda ainda fez o favor de cair embaixo da mesa onde estavam e eles não nos deixaram pegá-la de volta. Ainda bem que o restante das moedas foi suficiente para pagar as quatro passagens.
Saímos da sala rindo. Minha filha reclamou de sede mas não pudemos comprar uma garrafa d’água, pois faltava exatamente o valor da moeda que havia caído embaixo da mesa. Demos guargalhada da situação e eu brinquei que ela deveria abrir a boca para deixar a neve cair na lingua para aliviar a sede até chegarmos em nosso hotel.
Entramos no trem ainda rindo do mal humor dos guardas e da falta do dinheiro para comprar água. Ficamos tagarelando durante o trajeto e rapidamente nossa estação chegou. Saímos apressadas e não notamos que alguns guardas nos chamaram para conferir nossos bilhetes do trem. Como não os atendemos eles vieram correndo atrás de nós certos de que estávamos sem as passagens. Nos abordaram antegozando nossas caras assutadas e devem ter pensado: pegamos essas turistas no flagrante... Abri calmamente minha bolsa, peguei os bilhetes e entreguei aos guardas que os examinaram ávidos. Estavam loucos para nos aplicar uma multa. Saíram desapontados. Não foi dessa vez o flagrante. Caímos as quatro na gargalhada e saímos rapidamente da estação.
Várias pessoas aguardavam numa longa fila a hora de abertura das portas do museu, indiferentes ao frio e ao vento que soprava sem cessar. No ar gelado, espessos flocos de neve branquinha bailavam suavemente enquanto caiam para se dissolver ao tocar o chão.
Estávamos eu, uma amiga e nossas jovens filhas aguardando pacientemente nossa vez e finalmente entramos no grande hall. O acervo do museu era muito bom e a mostra de Monet era tão fantástica que nem nos demos conta do passar das horas, perdidas na contemplação daqueles belos quadros famosos.
É curioso pensar que uma palheta de cores básicas e um simples pincel em mãos hábeis e talentosas possam transformar telas brancas de linho em obras de arte que ficam imortalizadas no tempo causando admiração nas pessoas.
Quando saímos do museu a noite escura já tinha envolvido tudo lá fora. A praça e as ruas próximas estavam desertas cobertas pela neblina invernal, e a iluminação suave dava um colorido meio fantasmagórico as esculturas da Praça dos Heróis. Aproveitamos para fotografar e saímos caminhando devagar em direção ao metrô. Somente nessa hora nos demos conta de que havíamos esquecido o mapa e o cartão com o nome e o endereço do hotel. Por sorte eu havia guardado na bolsa o cartão de acesso aos quartos o que serviu para pedirmos uma indicação para sabermos o metrô certo que deveríamos pegar.
As casas de câmbio estavam fechadas e só tínhamos dinheiro local para comprar apenas uma passagem de metrô para cada uma e aquela estação iria nos obrigar a fazer uma baldeação e isso significava ter que comprar outra passagem. Não sabíamos como fazer para chegar a outra estação que nos levasse até o hotel com apenas uma passagem.
Já era muito tarde, estávamos numa cidade estranha, o povo falava uma língua mais estranha ainda e não sabíamos o que fazer. Olhamos uma para a cara da outra e começamos a rir da situação inusitada. O que iríamos fazer?
Vimos um jovem aguardando o trem junto com algumas moças e resolvemos pedir informação. Quem sabe ele falava inglês? Deu certo. Ele não só nos orientou como também resolveu nos acompanhar até a estação onde poderíamos pegar o trem que nos deixaria próximas de nosso hotel. No caminho foi contando a história da cidade e nos mostrando alguns prédios que guardavam qualquer tipo de história. Foi muito gentil e atencioso.
Caminhamos na noite fria e escura em direção a outra estação do metrô. O vento soprava forte fazendo ruído e a neve não parava de cair em flocos grossos. O casaco pesado não era páreo para a friagem e o corpo tremia embaixo das várias camadas de roupas. Finalmente chegamos.
Nosso anjo da guarda se despediu, mas antes de sair tiramos uma foto juntos para o guardarmos na lembrança. Ele era um jovem médico residente e até arriscou algumas palavras em português que havia aprendido com alguns colegas da faculdade. Nosso anjo sem asas sorriu, acenou e entrou novamente na noite escura e fria. Foi embora.
A máquina para venda automática de passagens estava quebrada. Tivemos que solicitar a compra dos bilhetes aos policiais de plantão que estavam conversando numa salinha. Eles nos atenderam com toda má vontade que puderam demonstrar e quando fomos pagar uma moeda ainda fez o favor de cair embaixo da mesa onde estavam e eles não nos deixaram pegá-la de volta. Ainda bem que o restante das moedas foi suficiente para pagar as quatro passagens.
Saímos da sala rindo. Minha filha reclamou de sede mas não pudemos comprar uma garrafa d’água, pois faltava exatamente o valor da moeda que havia caído embaixo da mesa. Demos guargalhada da situação e eu brinquei que ela deveria abrir a boca para deixar a neve cair na lingua para aliviar a sede até chegarmos em nosso hotel.
Entramos no trem ainda rindo do mal humor dos guardas e da falta do dinheiro para comprar água. Ficamos tagarelando durante o trajeto e rapidamente nossa estação chegou. Saímos apressadas e não notamos que alguns guardas nos chamaram para conferir nossos bilhetes do trem. Como não os atendemos eles vieram correndo atrás de nós certos de que estávamos sem as passagens. Nos abordaram antegozando nossas caras assutadas e devem ter pensado: pegamos essas turistas no flagrante... Abri calmamente minha bolsa, peguei os bilhetes e entreguei aos guardas que os examinaram ávidos. Estavam loucos para nos aplicar uma multa. Saíram desapontados. Não foi dessa vez o flagrante. Caímos as quatro na gargalhada e saímos rapidamente da estação.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou