Esperando a dor passar...

Ontem fiz quimioterapia e nesse exato momento estou sentindo alguns efeitos dela. Um mal estar percorre meu corpo enquanto uma dor que começa no final da coluna se espalha pelo corpo. Sinto náusea, meu corpo reclama, fico inquieta. Sei que não adianta deitar porque fico sem posição quando essa dor começa. O melhor é tentar me distrair enquanto espero o efeito do remédio para dor começar entorpecer meu corpo.
Dor é um negócio muito complicado, tira qualquer um do sério. Essa, especificamente, é sinistra, pois chega sem aviso. Já vem doendo feito louca. Parece que os ossos do corpo inteiro estão sendo comprimidos.
É melhor desviar o pensamento. Fixar na dor é o pior caminho.
Vou falar de sentimentos, outra coisa difícil. A cabeça até sabe o que é melhor, mas o coração insiste em tomar outro caminho.
Emoções...
Cada um tem seu jeito próprio de sentir, de reagir a ela.
Engraçado como a experiência individual pode alterar a forma como uma pessoa reage a uma situação. Não dá mesmo para rotular.
Minha amiga está internada numa clínica psiquiátrica depois que tentou suicídio. Já estava bem e, de repente, teve uma recaída.
Fico aqui pensando nela, torcendo por ela. Uma pessoa jovem e tão bonita, inteligente, excelente profissional e que de repente perde o interesse pela vida. Porquê? Ela não sabe, eu não sei, ninguém sabe. Nem mesmo os profissionais que a acompanham sabem a resposta. De qualquer forma, apesar das recaídas, sei que ela está tentando encontrar o caminho de volta a serenidade e a alegria perdida.
Vou mudar de assunto novamente. Hoje comecei a reler a biografia de Fouché, político da época de Napoleão. Homem ardiloso, que não gostava de mostrar nem seu rosto e muito menos seu jogo político, preferindo trabalhar nos bastidores. Dissimulado, sua ação era quase invisível, mas nada passava despercebido a seu olhar atento. Parecia ter mais do que apenas dois olhos e dois ouvidos. Fouché, como político, era um jogador profissional, um diplomata. Sempre trabalhando na sombra, aproximou-se dos poderosos ganhando influência sobre os acontecimentos, mas sem ser percebido. Ficava, assim, livre de fiscalização e do ódio do povo, bem como protegido da inveja.
Política ainda hoje se faz assim: um candidato promete arranjar para os seus eleitores tudo quanto desejam. Dissimulado, o olhar de um político ardiloso nunca lhe trai a intensão. Sempre atento aos erros dos outros, sabe esperar com paciência o momento certo de atacar um ponto fraco. Sua fidelidade é apenas ao partido mais forte. O ardiloso nunca cai, pois está sempre atrás de um cúmplice para lhe servir de para-raios.
Quantos Fouchés estão agora circulando por nosso Congresso?
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou