O bocão do passarinho
sábado, outubro 31, 2009
Hoje pela manhã Helena esteve aqui e mostrou-me alguns textos escritos por Dª Ita, uma senhora de quase 90 anos. Como é bom encontrar alguém tão avançado em idade ainda escrevendo, ainda encontrando poesia nas pequenas coisas e sonhando...
Conversamos um pouco e logo em seguida Helena foi-se embora. Gosto de conversar com ela, de trocar idéias. Nos entendemos muito bem, somos amigas e temos um grande carinho uma pela outra.
Na parte da tarde resolvi dar uma volta pelo jardim. Assim que cheguei perto de um dos canteiros percebi que havia um pássaro voando baixo. Pensei: deve ser um filhote ou é um pássaro ferido.
O passrinho pousou na churrasqueira. Fui até lá, mas assim que ele me viu tornou a voar, dessa vez para um canteiro cheio de plantas altas.
Chamei minha mãe para ver se ela identificava o pássaro. Era um filhote já grande e estranho para mim. Nunca vi de perto um pássaro como ele. Dava para perceber que estava fraco, talvez doente ou ferido, mas não dava para ter certeza.
Ele voou para o lado onde eu estava e caiu perto de mim. Estendi meu casaco para me proteger de uma bicada quando ele resolveu abrir o bico. Recuei assustada. Nunca, em toda minha vida, pude ver de perto um pássaro com uma boca tão grande. Lembrou a boca aberta de uma grande serpente venenosa. Instintivamente recuei e não tive coragem de pegar o passarinho, não com uma abertura de bico daquele tamanho. Fiquei imaginando o estrago que um bico daqueles pode causar na mão de qualquer pessoa.
Minha mãe, mais acostumada com animais, pegou o passarinho, pois era evidente que ele estava sem forças. O bichinho, de bico fechado, é até bonitinho, mas quando abre o bico parece mais um alienígena. É assustador.
Eu, dando uma de entendida no assunto, disse que tendo um bico que se abria daquele tanto ele só podia ser um animal que se alimenta de pequenos roedores. Ela então deu-lhe um pouco de carne moida e em seguida ofereceu ao bichinho algumas pitangas maduras. Ajudado pela minha mãe ele comeu tudo, mesmo com dificuldade.
Como o passarinho não está dando conta de voar direito ela resolveu colocá-lo dentro do box do banheiro da churrasqueira para evitar que um dos gatos da casa acabe com ele na boca. Acho que ele não irá sobreviver, pois está muito fraquinho, mas vou ficar torcendo para estar enganada.
Para não deixar dúvidas quanto ao tamanho da boca aberta do pássaro fiz algumas fotos. Elas também poderão atestar a feiura de um passarinho de bico aberto quando sua boca é enoooorme. Jamais pensei dizer isso de um passarinho, um animalzinho que costuma ser tão bonito e elegante.
Minha mãe acha que é um filhote de anu. Como não conheço esse tipo de passarinho fui tirar mais algumas fotos. Estando ele solto dentro de um box fica fácil fazer alguns cliques, até porque ele está quieto, meio bobo. Continuo acreditando que ele não irá sobreviver, mas se amanhã ele estiver legal irá voar para longe deixando para mim a má impressão de sua bocaaaarra. Nunca imaginei sentir medo de um passarinho.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou